Parashá 2 - NOAH 


PARASHÁ COMENTADA


Parashá 02 - Noach - Gênesis 6:9 à 11:32


Haftará: Isaías 54:1 à 10; Mateus 24:36 à 44; Atos 2:1 à 16; 1 Pedro 3:18 à 22; 2 Pedro 2:5


Belém, 25 de Outubro de 2025 - 03 de Cheshvan de 5786


Comentário Judaico Netsari sobre o Estudo semanal da Torah do Ciclo anual das Parash'ôt.


Contexto Histórico:

Cronologia aproximada: De acordo com a Torah, o dilúvio ocorreu no ano 1656 da criação do mundo. A criação do mundo é estimada em cerca de 4000 a.e.c., o que significa que o dilúvio ocorreu cerca de 2344 a.e.c. No entanto, algumas estimativas colocam a data do dilúvio entre 2900 e 2200 a.e.c.

Opinião da Ciência: A ciência também tentou determinar a data do dilúvio usando diferentes métodos de datação, como datação por carbono, dendrocronologia e datação de isótopos. No entanto, a datação científica do dilúvio é controversa e varia de acordo com os métodos e interpretações.

A Torre de Bavel: De acordo com a Torah, a Torre de Babel foi uma edificação construída na terra de Shinar ou Babilônia, após o grande dilúvio. Historiadores tentam por séculos confirmar a existência da torre de Babel e de seu criador, evidências recentes apontam que a construção pode ter existido na região que antes era conhecida como Babilônia, atual Iraque.

De acordo com o Dr. Andrew George, professor de Babilônia pela Faculdade de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, uma pedra encontrada há cerca de um século revela a imagem de um edifício que poderia ter sido a Torre de Babel.

Narrativas da Torah: “Vatishachet ha'árets lifne haElohim vatimale ha'árets HAMAS” -  Bereshit 6:11-12

“A terra, porém, estava corrompida diante da face de Elohim; e encheu-se a terra de HAMAS" - Gênesis 6:11-12

O texto da Parashá Noach mostra um mundo marcado por extrema violência(hamas) depois do agravamento e decadência das relações entre os seres humanos, iniciada com a morte dos dois primeiros irmãos da história humana, Cain e Abel, as ações dos seres humanos, filhos e descendentes de Cain, quase levaram a destruição da humanidade e Adonai estava realmente disposto a destruir toda sua criação.

A esperança da humanidade estava em Noach, o ser humano que iria guardar, salvar, proteger o que havia de bom no ser humano e o Eterno acreditava nisso, mesmo que a humanidade não acreditasse nela mesma. O Eterno confiava que haveria alguém em que ainda tinha esperança no ser humano.

Assim Adonai orientou, intuiu, a Noach a construir uma Tevá (Arca) para proteger a bondade do mundo da violência extrema que havia, depois dos eventos da destruição causada pelo Mabul, Noach conseguiu salvar a humanidade, o espírito humano da destruição total com a Tevá porque o Eterno e Noach ainda acreditavam num ser humano elevado que, num ato de Teshuvá, alcançaria a plenitude espiritual da qual o Eterno nosso Elohim sempre desejou em nós. 

O ser humano pós dilúvio: 

Depois do dilúvio entra em vigor a primeira Aliança universal com a humanidade, Adonai promete não mais destruir a terra por causa dos seres humanos, a humanidade salva das águas deveria demonstrar sua fidelidade ao Eterno por meio da observância da Torah Sagrada revelada de forma Oral aos Patriarcas.

A narrativa da Torre de Bavel e a confusão das línguas é a divina resposta a negligência humana em observar os Preceitos sagrados da Torah Eterna, ao violar a Aliança universal o ser humano quase retornou ao caos primitivo.

A Era Patriarcal:

A narrativa da descendência de Shem demonstra o início da era Patriarcal que culminaria com o surgimento do Povo da Aliança, o Povo que D'us santifica por seus Mandamentos. Vemos a figura de Abrão sendo posto como alicerce da Fé Patriarcal, a Fé que uma vez foi dada ao povo santo(ver Judas 1:3).

Conclusão:

Noach constrói um altar e oferece uma Oferenda ao Eterno em uma demonstração de Gratidão pela salvação de sua vida e família, como sempre as Oferendas sendo usadas na forma de agradecimentos. Adonai jura nunca mais destruir toda a humanidade por causa de suas ações, e estabelece o Arco da Aliança como um testemunho de Seu primeiro pacto com o homem. Além disso, ele instrui Noé sobre a santidade da vida; o assassinato é um crime capital e, embora seja permitido ao homem comer carne de animais, ele é proibido de beber sangue e comer carnes impuras.

Noach planta um vinhedo e fica bêbado com seus produtos, dois de seus filhos, Shem e Iafet, são abençoados por cobrir a nudez de seu pai, enquanto seu terceiro filho, Cham e seu neto, são amaldiçoados por desrespeitá-lo. Os descendentes de Noé permanecem como um povo, com uma só língua e cultura comuns por dez gerações. Eles então desafiam seu Criador construindo uma grande torre que simboliza sua invencibilidade.

Adonai confunde a língua deles para que “não entendam a língua um do outro” para que abandonem seu projeto vil e se espalhem sobre terra. A Parashá concluiu com a cronologia das gerações de Noach até Avram, e suas jornadas de seu local de nascimento em Ur Kasdim a Haran, a caminho da Terra Santa de Canaã, nosso amado Êrets.

Congregação Israelita Netsari Beyt B'ney Avraham - Belém/Pa

Prof. Historiador: Marlon T. Troccolli

Referências bibliográficas:

TORAH - A Lei de Moisés - edição revista e ampliada - 2001 (Editora Sefer)


CHUMASH - Torá - Rabbi Meir Matzliah Melamed ZT”L (Editora Sefer)


BAILEY - Lloyd R. Noah, the Person and the Story, University of South Carolina Press, 1989.


LAMBERT -  W. G. and Millard, A. R., Atrahasis: The Babylonian Story of the Flood, Eisenbrauns, 1999.