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Parashá 24: Vayikrá, Vayikra/Levítico 1 à 6:7

 PARASHÁ COMENTADA

Parashá 24: Vayikrá, Vayikra/Levítico 1 à 6:7

Haftará: Isaías 43:21 à 44:23; Atos 21:23-26; Romanos 8:1-13; Hebreus 10:1-14 e 13:10-16


Este é um comentário sucinto e objetivo das Lições da Torah e dos Profetas (ver Atos 13:15) ou Parash'ôt. Este Shabat assinala o início da leitura do terceiro livro Sagrado da Torah, Vayikrá. A Parashá Vayikrá começa com Moisés recebendo um chamado do Eterno e em seguida, fala sobre os procedimentos e responsabilidades dos sacerdotes em relação aos sacrifícios (oferendas) que eram feitos no Mishkan.

Na primeira metade da porção, a Torah descreve os vários korbanot (sacrifícios) opcionais, classificados em três categorias gerais: Oferendas de Elevação, Oferendas de Cereais e Oferendas de Shalom.


Na segunda metade, a porção discute as Ofertas de Expiação, feitas com objetivo de retificar as transgressões não intencionais.

Moisés realizou uma cerimônia para ungir o Tenda do Encontro Nomeando os Sacerdotes que vão oficiar nele, uma nuvem agora cobre a Tenda da Reunião, e a presença do Eterno enche o Tabernáculo.


Adonai chama a Moisés e ordena-lhe a ensinar aos filhos de Yisrael as maneiras de trazer oferendas a Ele. Haverá Oferendas de animais, cereais e frutas.

Os animais para o sacrifício devem ser do sexo masculino e sem defeitos. Esses animais devem ser abatidos, lavados e queimados sobre o altar de sacrifícios da Tenda do Encontro. Este será para uma oferta de elevação, uma oferta feita por fogo diante do Eterno e para fazer expiação perante Ele.


Os principais produtosoferendas sacrificais eram:

De Grãos: --> "Para os grãos, fazer a oferenda com farinha de trigo e óleo e incenso. Coloque-o em frente ao altar. Qualquer coisa fermentada deve ser feita em uma oferta de fogo. Você deve temperar TODAS as ofertas de grãos com Sal”


De Gado: --> "Para as oferendas de gado e criação de pequenos animais, toda a gordura pertence a Adonai. Deve ser por estatuto perpétuo para os seus descendentes em todas as suas habitações para não comer gordura, nem sangue”


De Pecado por ignorância: --> "Se uma pessoa inadvertidamente cometer um pecado, então, deverá fazer um sacrifício pelo pecado. Se toda a Congregação de Yisrael pecar inadvertidamente e tiver ficado em oculto, haverá culpa oculta coletiva. Se o pecado torna-se conhecido na comunidade, então a comunidade deve trazer uma oferenda pelo pecado. Um touro deve ser trazido pelos anciãos da comunidade e sacrificado em uma oferta de expiação para limpar a comunidade do pecado”


Pecado por ignorância de uma autoridade(líder): --> "Se um Príncipe cometer um pecado indevidamente, então ele será considerado culpado. Ele porá a mãos sobre a cabeça de um bode e o sacrificará....”


Pecado por ignorância de uma pessoa em particular: --> "Se alguma pessoa dentre o povo cometer um pecados, fazendo algo que Elohim ordena que não devia ser feito, então ela será culpada. Ela trará uma cabra sem defeito para oferenda pelo pecado. Então o sacerdote tomará a gordura e a queimará em uma expressão de respeito ao Eterno. O cohen efetuará expiação por ele, pelo seu pecado, e ele será perdoado”


Pecado por negligência ou conivência: --> "Uma pessoa poderá incorrer em CULPA quando ela for testemunha de um fato, de uma maldade ou de uma Lashon hará mas se omitir, não denunciando o infrator mas, deixando-o livre para continuar prejudicando o seu próximo. Também incorrerá em CULPA quando ele tocar um cadáver de animal impuro ou em um humano estando imundo, mesmo quando o toque passar despercebido, a culpa é incorrida quando o pecado é descoberto.

Uma pessoa incorre em culpa quando ela jurar em um juramento de negar ou conceder alguma coisa, e depois tenha se esquecido, no dia em que se lembrar será culpada”.


A Torah ainda dava a oportunidade para a pessoa que não tinha posses de recorrer a uma oferenda que não fosse de gado, uma par de rolas ou de pombas também poderia ser usados por pessoas de baixo poder aquisitivo.

No Salmo 50, Adonai esclarece o propósito de sacrifícios. Adonai afirma que o sacrifício correto não estava na oferenda de um touro em perfeito estado para sacrifícios, nem a tomada de uma cabra, simplesmente porque cada animal já era propriedade de d'Ele.

Nem o ofertante deveria pensar no sacrifício como um alimento para D’us, porque Adonai não tem fome.


verdadeiro propósito dos sacrifícios era sensibilizar o pecador diante de um ato que o levava à morte do pecador.(ver Romanos 6:23) O pecador teria que saber que seu ato pecaminoso era digno de morte, e a Torah Sagrada que é o símbolo da Justiça Divina exigia a sua morte.

Porém, Adonai em sua infinita misericórdia, proveu um escape para esta morte, um SUBSTITUTO morreria em seu lugar, a morte de um animal inocente deveria sensibilizar o pecador de sua condição imunda e pecadora diante do Eterno, um sangue seria derramado por este pecador, porque “...sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” (Hebreus 9:22).


Mas não eram apenas sacrifícios de sangue que Adonai exigia, estes eram apenas um escape, o verdadeiro sacrifício era o sacrifício vivo, oferecido de consciência pelo pecador, o adorador deveria oferecer ao Eterno sacrifícios de Ação de Graças e clamar ao Eterno em momentos de dificuldade, então Adonai seria propício ao adorador e o adorador iria honrar a D’us.

Alguns dos que renegaram Yeshua sempre vêm com um argumento tolo e sofismático de que uma expiação não se fazia só pelo sangue, como declara o livro de Hebreus, estes apóstatas alegam que uma expiação poderia ser feita também com farinhas, cereais, vinho e incenso. Mas, o que eles escondem de vocês é que o Sistema litúrgico cerimonial estabelecido pela Torah apresenta várias maneiras de se expiar um pecado temporário, e o que vem a ser um pecado temporário? São pecados denominados involuntários, ou seja, sem a intenção de pecar, esses pecados eram expiados de várias formas, até sem derramamento de sangue.


Porém, pecados permanentes, que são aqueles que tem um certo peso espiritual, estes requerem uma vida e a Torah estabelece que é o Sangue que fará a expiação pela Vida:


"Pois a vida da carne está no Sangue, e eu o dei a vocês para fazerem Expiação[kaperá] por si mesmos no altar; é o Sangue que faz Expiação por uma vida" (Levítico 17:11)


É por isso que no Yom Kipur não cabia expiação com farinhas, azeites e incenso, tinha que haver um animal cujo Sangue faria Expiação pelos pecados de toda a Congregação. É justamente neste sentido que o autor de Hebreus cita que, sem derramamento de sangue não haveria a expiação de todos os pecados no Dia do Perdão anual.

E o Salmo 107 enumera quatro ocasiões em que uma oferta de agradecimento (זִבְחֵי תוֹדָה = todah zivchei em hebraico), tal como descrito em Levítico 7:12-15 (referindo-se a um זֶבַח תּוֹדַת = todah zevach) seria apropriado se realizar:

1) passagem através do deserto,

2) a liberação da prisão,

3) recuperação de grave doença,

4) de sobreviver a uma tempestade no mar.


O Tanach hebraico relata vários casos de sacrifícios perante o Eterno explicitamente chamados por eles em Levítico 1-7. Enquanto Levítico 1: 3-17 e Levítico 6: 1-6 definem o procedimento para o holocausto (עֹלָה = Olah), até então, Gênesis 8:20 relata que Noé ofereceu holocaustos (עֹלֹת = Olot) de todos os animais limpos e de aves em um altar depois que as águas do Dilúvio diminuiu.


Em Gênesis 22:2, Adonai disse a Abraão para levar Yitz'chak e oferecê-lo em holocausto (עֹלָה = Olah) Gênesis 22: 3, em seguida, relata que Abraão levantou-se de manhã cedo e dividiu a lenha para o holocausto (עֹלָה = Olah).

E depois que o anjo de Adonai evitou o sacrifício de Yitz'chak, Gênesis 22:13 relatos de que Abraão levantou os olhos e viu um carneiro preso num mato, e que Abraão, então, ofereceu o carneiro como holocausto (עֹלָה = Olah) em vez de seu filho.


Em Êxodo 10:25 relata que Moisés ordena a faraó para que ele desse aos israelitas "sacrifícios e holocaustos" (זְבָחִים וְעֹלֹת = v'olot Zevachim) para oferecer ao Eterno. E Êxodo 18:12 relata que, após Yetro ter ouvido tudo o que Adonai fez a faraó e aos egípcios, Yetro ofereceu um holocausto e sacrifícios (עֹלָה וּזְבָחִים = Olah uzevachim) ao Eterno.


Como podemos observar, haviam vários tipos de sacrifícios com interligações entre eles, entretanto, podemos classifica-los da seguinte maneira:

1-) Sacrifício de Ação de Graças (זִבְחֵי תוֹדָה = todah zivchei)

2-) Sacrifício de elevação (עֹלֹת = Olot)

3-) Sacrifício de exaltação (עֹלָה וּזְבָחִים = Olah uzevachim)

4-) Oferta de manjares (מִנְחָה = minchah)

5-) Ofertas de libações (נֶּסֶךְ = nesech)

6-) Sacrifício de expiação (עלה קרבנו = Olah Korbano).


De todos estes apenas o sacrifício de expiação ou Olah Korbano feito para perdão de pecados foi substituído pela morte expiatória do Messias, portanto, é um grande erro se afirmar que a morte do Messias “aboliu” todos os sacrifícios da Torah, o próprio Messias declarou que absolutamente NADA seria abolido da Torah do Eterno(ver Lucas 16:17), nem mesmo um yod seria retirado dela.


Por isso que vemos casos, nos Ketuvim Netsarim - Escritos Nazarenos, de nossos irmãos do primeiro século realizando sacrifícios de Ação de Graças e Sacrifícios de Paz no Templo de Jerusalém mesmo depois da morte do Messias, simplesmente porque eles sabiam muito bem fazer a diferença entre os sacrifícios apresentados na Torah, vejamos:


“Portanto, faça o que lhe dizemos. Estão conosco quatro irmãos que fizeram um Voto. Participe com esses homens dos rituais de purificação e pague as despesas deles, para que rapem a cabeça. Então todos saberão que não é verdade o que falam de você, mas que você continua vivendo em obediência à Torah.... No dia seguinte Shaul tomou aqueles irmãos e purificou-se juntamente com eles. Depois foi ao Templo para declarar o prazo do cumprimento dos dias da purificação e da Oferenda que seria sacrificada individualmente em favor deles” (Atos 21:23-26)


Este é um relato verídico e incontestável de que os judeus nazarenos dos tempos dos apóstolos sabiam utilizar a Torah perfeitamente, não considerando-a abolida como pregam algumas seitas sabatistas.


A Parashá finaliza com a exposição do sacrifício pelo pecado voluntário, os rabinos interpretam Levítico 5:21-26, juntamente com Números 5:6-8.

Levítico 5:21-26 lida com aqueles que pecam ao cometer uma transgressão contra o Eterno por negociação fraudulenta com seus vizinhos na questão de um depósito, empréstimos, penhor, roubo, ou a descoberta de propriedade perdida, e jurar falso. Levítico 5:23-24 estabelece que o condenado tem de restaurar imediatamente na íntegra para a vítima o imóvel ou objeto em questão e deve adicionar uma quinta parte sobre o produto.


Em Levítico 5:25-26 requer do ofensor trazer ao sacerdote um carneiro sem defeito para uma oferta pela culpa, o sacerdote fará expiação pelo infrator diante do Eterno, então o infrator será perdoado.

Números 5:6-7 ordena que, quando as pessoas cometem algum pecado contra o Eterno, então eles devem confessar e fazer a restituição integral à vítima e acrescentar uma quinta parte.

E Números 5:8, prevê que, caso a vítima não tiver herdeiros, a quem a restituição deveria ser feita, o infrator deve fazer a restituição ao sacerdote, além do carneiro da expiação.


O Sentido espiritual da Parashá (comentários da Kabalah):


Estamos iniciando a leitura do terceiro livro Sagrado da Torah, que tem o mesmo nome da Parashá da semana – Vayikrá (Levítico). Trata-se de um texto um pouco árido e com muitos detalhes sobre as leis dos sacrifícios, holocaustos, oferendas e do comportamento dos sacerdotes.


A primeira reflexão sobre Vayikrá é o entendimento de que a palavra hebraica para sacrifício, korban, vem da mesma raiz da palavra karov, que significa próximo. Vayikrá mostra o caminho para nos aproximarmos de algo que ficou “distante”. Um korban é um meio pelo qual nos unimos com a Luz Divina.


A morte expiatória do Messias é o korban que aproxima o arrependido da Luz Divina, proporcionando-lhe o perdão do Eterno.

Esta porção começa com Moisés recebendo um chamado do Eterno, o primeiro passo para ouvirmos o “chamado” e nos aproximarmos da Luz Divina, é o “sacrifício” da nossa alma animal.


“Fala aos filhos de Yisrael e dize-lhes: quando um de vocês oferecer um sacrifício a Adonai, o sacrifício deve ser retirado do gado, ovelhas ou cabras” (Levítico 1:2)


Romper com os modelos impostos pela lógica do mundo material e compreender que existem outras coisas na vida além da sobrevivência, é o princípio do sacrifício desta alma instintiva que nos aproxima da Luz Divina.


O impulso para se mover em uma determinada direção, porque os outros estão fazendo o mesmo [seguir a multidão], é também um aspecto que precisamos superar.


Para nos aproximarmos da plenitude da Luz, temos que assumir o controle sobre este “algo” que tentamos parecer através de um comportamento padronizado. Outra reflexão importante, é que devemos buscar esta proximidade com a Luz em qualquer circunstância da vida (nos sacrifícios de ação de graças e de pazes, sacrifícios de louvores, sacrifícios de agradecimentos...) e não somente nos momentos de perda, sofrimento ou em pecado, como nos ensinam os nossos sábios nazarenos:


“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias do Eterno que ofereçam os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Adonai; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo perverso, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Elohim” (Romanos 12:1-2)


O verdadeiro filho da Luz procura sempre viver os desafios do mundo físico com uma consciência diferenciada ao Eterno, para poder obter recompensas no mundo espiritual.

Que Adonai Eterno abençoe o Estudo a Leitura e a Prática de sua Palavra.


Congregação Israelita Sefardita Netsarim Beyt B'nei Avraham – Belém/Pa


קהילה ישראלית ספרדי נצרית בית בני אברהם 

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Marlon T. Troccolli.