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PARASHÁ 11 - VAYIGASH

 PARASHÁ COMENTADA



Parashá 11 - Vayigash - Gênesis 44:18 à 47:27


Haftará: Ezequiel 37:15 à 28; Atos 7:13 à 15


Belém, 27 de Dezembro de 2025 - 7 de Tevet de 5786


Comentário Judaico Netsari sobre o Estudo semanal da Torah do Ciclo anual das Parash'ôt.


Contexto Sócio-cultural e Religioso:


"....porque é abominação para os egípcios todo pastor de rebanhos." A primeira coisa a compreender em toda a história ali narrada é o Contexto Hebraico. Temos um momento grave de fome na terra, Yossef estava como governador do Egito, e nesse momento, estava trazendo toda a sua família para morar com ele na terra do Egito.

Yossef, sendo conhecedor não somente de sua família, tradições e muitas outras coisas, como também detalhes de como os egípcios pensavam, fez uma orientação aos seus familiares a cerca da profissão deles.


Observem que o ponto central e chave da orientação de Yossef era fazer sua família habitar na terra de Goshen, mas por que ele queria isso? Se a orientação era para eles dizerem que eram “homens de gado”, seria óbvio que o melhor lugar para eles habitarem seria uma terra com muitos pastos, uma terra mais distante dos centros populosos do Egito.


O esperado era que Faraó permitisse e designasse a eles essa região, e foi exatamente o que aconteceu, Yossef foi habilidoso e inteligente, além do que já expus, observe que ele se aproveitou do fato dos egípcios não gostarem de pastores de rebanho. Isso seria um motivo forte para faraó lhes permitir ficar o mais longe possível dos locais mais aglomerados do Egito para não trazer problemas aos familiares de Yossef.


Certamente quando Faraó teve a resposta de que eles eram cuidadores de animais, pensou rapidamente que a sugestão de que eles ficassem em Goshen era a melhor. Por que o pastor de ovelhas era abominação aos egípcios? Este termo foi usado em relação aos hebreus, que, sendo pastores, dizem terem sido uma abominação aos egípcios, pois eles sacrificavam os animais considerados sagrados para os egípcios, como bois, bodes, ovelhas, etc., o que os egípcios consideravam ilícito.

Seria como um gaúcho que fosse morar na Índia e tomasse um boi ou uma Vaca, abatesse para fazer um churrasco, isso seria uma abominação para os hindus, seguidores do hinduísmo, pois a vaca é um animal Sagrado para este povo.


A intercessão de Yehudah:


Nesta porção da Parashá, vemos novamente Yehudah agindo de forma proativa, sua intercessão por seu irmão mais novo é de deixar lágrimas nos olhos. Yehudah intercede por Benyamin, ele não sabe o que dizer, ninguém deles sabem, Yossef liberta todos os irmãos e sustenta a escravatura de Benyamin, com quem foi achado a taça. 

Yehudah narra toda história colocando Yossef a par de todo histórico de emoções que envolviam a permanência de Benyamin no Egito.


Yehudah fez três considerações: alegou a inocência dos irmãos com relação ao roubo, atribuiu a situação deles ao castigo de D'us pelo crime cometido contra Yossef e ofereceu todos os irmãos como escravos. Yehudah não poderia ter se referido ao copo porque havia acabado de afirmar a inocência deles, ele, provavelmente se referia ao crime deles contra Yossef. Sendo assim, os irmãos confessaram o crime contra Yossef diversas vezes em sua presença, sem saberem que Yossef os entendia. (ver Gênesis 42:21)


Yehudah usa a palavra Pai quatorze vezes no seu discurso, ele apela para que Yossef tivesse misericórdia de seu pai o que demonstra que esse não é o mesmo Yehudah de antes, ele está totalmente mudado. Não apenas ele, mas todos os seus irmãos. 

Se Ya'akov ainda amava a Yossef, o filho morto, ama agora muito mais a Benyamin, seu amor pelos filhos de Raquel é testado em toda história. Yehudah se nega a voltar sem Benyamin: “Pois, como subirei a meu pai, se o menino não for comigo? Não quero ver o mal que sobrevirá a meu pai”


Yossef  se apresenta a seus irmãos:


Yossef então decide revelar sua identidade a seus atônitos irmãos, perdoando-os por vendê-lo como escravo anos antes, declarando que enviá-lo ao Egito era parte do plano Divino de preparar a sobrevivência na época de escassez.

Ao invés de vingança, ele escolheu perdoá-los. “Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida Elohim me enviou diante da vossa face” (Gênesis 45:5).


Yossef enxergou o propósito divino em sua dor e escolheu a reconciliação, ele reconheceu que, apesar das más intenções de seus irmãos, Adonai tinha um Plano muito maior. Podemos notar que Yossef tinha todas as razões do mundo, além dos meios necessários, para guardar ressentimentos dos irmãos e puni-los pelo mal que lhe fizeram. 


Surpreendentemente Yossef fez o oposto, PERDOOU os irmãos e promoveu seu bem-estar, se Yossef tivesse agido de outra forma, a história seria diferente e dificilmente haveria um povo numeroso descendendo de Abraão por meio do qual Yeshua, o Messias de Yisrael, viria futuramente completar a Obra da Gueulah.


Yossef então os envia de volta para a Terra de Yisrael carregados de presentes pedindo que tragam Ya'acov e sua família para o Egito onde viveriam na província de Goshen. Antes que Ya'acov partir, Adonai aparece a ele reafirmando-lhe que Ele os acompanhará e que ao final retornarão à Terra Santa de Yisrael como uma grande nação.


Conclusão Escriturística:


Na Parashá desta semana, acabamos de ler sobre a história de Yossef, que finalmente se revelou aos irmãos e os enviou de volta para casa a fim de trazer Ya'akov para o Egito. Como Yossef é um canal de revelação da energia de Yessod no Universo, esta aproximação simboliza a comunicação entre o mundo físico e os Mundos superiores.


Para Kabalah, os filhos de Ya'akov simbolizam os 12 signos do zodíaco, as influências astrológicas e o domínio que elas exercem no Universo.  A palavra Mazal, traduzida como sorte, está relacionada à essa ideia de uma influência cósmica,  Mazal  é a contração de três palavras: macom (lugar), zemam (tempo) e limud (conhecimento).


Para superarmos as influências do acaso temos que estar no lugar certo, na hora certa e saber como aproveitar cada oportunidade para realizar nossa missão neste mundo. Mesmo no mundo das limitações (Egito), podemos ser cocriadores do nosso “mazal”, assim como fez Yossef. Ele assume o controle (governa) sobre o mundo físico, cocriando sua realidade e influenciando as pessoas ao seu redor.


Yossef não assume o papel de vítima e não vê os desafios que enfrentou como resultado direto da inveja de seus irmãos. Ele consegue perceber a presença da Luz Divina em todos os eventos de sua vida, mesmo nos momentos de caos. Se entendemos que a Luz está presente em tudo o que nos acontece, não temos porque guardar rancor das pessoas que fizeram algo para nos magoar, nem incentivar seu sentimento de culpa.


“E agora, não vos entristeçais nem vos irriteis contra vós por haverdes me vendido para cá, porque para preservar vossa vida Adonai me mandou adiante de vós”. (Gênesis 45:5)


O perdão sincero nos conecta com as dimensões mais elevadas dos Mundos superiores. Que Adonai Eterno abençoe a Leitura, o Estudo e a Prática de sua Palavra. Amén!


Congregação Israelita Netsari Beyt B'ney Avraham - Belém/Pa


Prof. Historiador: Marlon T. Troccolli


Referências bibliográficas:


TORAH - A Lei de Moisés - edição revista e ampliada - 2001 (Editora Sefer).


CHUMASH - Torá - Rabbi Meir Matzliah Melamed ZT”L (Editora Sefer).


CHUMASH - Torá - Rabbi Aryeh Kaplan (Editora Maayanot).


GUIA - Segredos do Egito Ed.02. - On Line Editora.